Tenho certeza ABSOLUTA que você já ouviu falar na brincadeira de faz de conta. E eu sei disso, porque aposto que brincava assim na infância.
Um cabo de vassoura transformado num cavalinho,
ou a criança sendo o médico e sua amiga a paciente rs.
Me lembro bem de pegar os abacates que caíam da árvore do quintal da minha avó, colocar 4 palitinhos e pronto:
eu tinha um boizinho da fazendinha feliz da Sarah.
Rs… nostalgia que fala, né?
Essa brincadeira do faz de conta também é conhecida como jogo simbólico.
Eu poderia citar inúmeros autores que falam da importância desse tipo de brincadeira, como Nylse Helena Silva Cunha, Elisangela Modesto Rodrigues de
Oliveira, Jean Piaget etc.
Mas vou focar nos benefícios já descritos por ele. Vamos lá: o faz de conta ajuda a criança a desenvolver imaginação, criatividade, raciocínio, sua identidade, compreensão da relação da fantasia e realidade. Dessa forma, auxilia no controle da ansiedade e medo nas crianças.
Mas espera aí, como avalio isso no meu consultório? Verifique alguns pontos importantes.
- A criança direcionou a atenção a quais brinquedos/brincadeiras?
- Quem eram os participantes dessa brincadeira?
- A criança fez imitações de sons típicos dos brinquedos que manuseou? Por exemplo, fez o som do carrinho enquanto brincava de corrida?
- A criança alterou o tom da voz, engrossando ou afinando, aumentando ou diminuindo para adequar a brincadeira? Por exemplo, ao fingir que era a mamãe da boneca, ela aumenta tonalidade de voz para avisar a boneca que está na hora de tomar banho.
- A criança conseguiu simbolizar (criar histórias e fantasiar) durante a sessão?
- A criança direcionou o foco de sua atenção para pequenos detalhes, como sua própria mão?
- A criança convidou você a exercer algum papel na brincadeira, diferente da função de psicólogo?
- Quais foram os temas principais das histórias e da sessão como um todo?
- Os conflitos dos temas do enredo estavam de acordo com o esperado para a idade?
Agora, preste muita atenção:
Muitas vezes, pequenas ações das crianças podem ser confundidas com brincadeiras simbólicas.
Por exemplo, na hora da brincadeira na casinha da boneca, a criança pega a xícara e leva a boca, mas não faz som algum que está engolindo ou até mesmo nem verbaliza se a bebida está quente ou fria, gostosa ou doce demais.
Nesses casos, pode até parecer que há aqui um jogo simbólico, mas na verdade não há evidências que essa criança está realmente está brincando de faz de conta.
Precisamos mais do que isso!
Verifique se a criança faz personificação, ou seja, se ela consegue assumir e desempenhar papéis na brincadeira. Por exemplo, se ela finge ser uma princesa, professora, vendedora de frutas, etc.
Por vezes, ela busca algo externo também na brincadeira simbólica. Por exemplo, pegar o pratinho de comida e levar a boca do ursinho de pelúcia, fingindo lhe dar comida.
Além disso, perceba a flexibilidade da brincadeira simbólica: observe se ela usa o brinquedo de uma forma e depois consegue reorganizá-lo de outra forma. Por exemplo, em uma parte da sessão a boneca é a filha dela, depois ela coloca a mesma boneca para ser a dona de um salão em que a criança é a cliente e nem conhece essa boneca.
Eita… falei demais, né? Adoro esse tema… afinal, brincar é bom demais!
Espero que tenha de ajudado.
Um abraço,
Sarah Cassimiro Marques
Referências Bibliográficas:
PIAGET, J. A (1978). Seis estudos de psicologia. Trad. Maria A.M. D’Amorim; Paulo S.L. Silva. Rio de Janeiro: Forense.
Para saber mais: