Vamos imaginar que você está fazendo uma avaliação neuropsicológica de um adolescente de 15 anos idade, claro, você fez a entrevista de anamnese com os pais, questionou sobre todos os aspectos da vida dele, gestação da mãe, primeiros anos de vida até os dias atuais, sobre a escola, comportamento do adolescente, resumindo, você entendeu sobre o funcionamento desse adolescente, certo?
Ao final da entrevista levantou algumas hipóteses, considerou que ele poderia ter um TDAH ou Transtorno de Ansiedade e partiu para as sessões com o adolescente, aplicou testes, fez anotações sobre o comportamento dele dentro do consultório, corrigiu os testes e colocou no laudo. Agora é que são elas, a que conclusão você chegou?
Você percebeu que entre o TDAH e o Transtorno de Ansiedade (TA) existem algumas semelhanças cognitivas, são perfis neuropsicológicos parecidos:
Em ambos os transtornos há prejuízos atencionais, assim como também existem prejuízos em memória operacional e de compreensão oral. Assim, foi necessário fazer um diagnóstico diferencial.
Então vamos lá:
No TDAH, a desatenção é causada por estímulos externos, por exemplo, algo agradável, que chame a atenção e o faça dispersar;
Nos transtornos de Ansiedade, a desatenção ocorre por uma preocupação, por uma ruminação, é uma distração por um estímulo interno. É justamente a preocupação que o faz dispersar.
Vale lembrar que em ambos há um prejuízo de atenção seletiva, porém o prejuízo em atenção concentrada ocorre apenas nos indivíduos com TDAH.
Na pessoa com TDAH é muito comum agitação, dificuldade em controlar o comportamento.
Já nos Transtornos de Ansiedade, pode até ocorrer uma agitação, porém ela ocorre por uma preocupação que o indivíduo tenha.
Ou seja, indivíduos com TDAH apresentam dificuldade em controle inibitório (capacidade de frear o comportamento frente a uma tendência), pessoas com TA não costumam ter essa dificuldade.
Por fim, é muito importante entender como quadro patológico apareceu, sabemos que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, costuma aparecer no início do desenvolvimento. E muito muito importante, um transtorno não exclui o outro.
Agora ficou mais fácil chegar a uma conclusão, não é? Se você quer saber mais sobre assunto clica no link.
•Malloy-Diniz, L. F.; De Paula, J. J.; Sedó, M.; Fuentes, D. & Leite, W. B. (2014). Neuropsicologia das funções executivas e da atenção. In D. Fuentes; L. F. Malloy- Diniz; C. H. P. Camargo & R. M. Cosenza (Orgs). Neuropsicologia: Teoria e Prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed. •MIOTTO, E. C.; DE LUCIA, M. C. & SCAFF, M. Neuropsicologia Clínica. 2 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017