Hoje vamos falar sobre nomeação! Sim, nossa capacidade de nomeação é muito importante e alguns estudos sobre os efeitos da pandemia do COVID-19 tem indicado que alterações na capacidade de nomeação são sequelas comuns.
Mas o que seria nomear?
A nomeação envolve:
- Reconhecer o objeto;
- Recuperar o nome do objeto na nossa mente, no que chamamos de léxicos mentais (conjuntos de representações das palavras da língua, no nosso caso, da língua portuguesa).
Os léxicos mentais são “pacotinhos de memória” de palavras, que organizamos na nossa mente em conjuntos. Vamos para uma analogia que será mais fácil?
Imagine os itens do seu vestuário: você tem calças, camisetas, cuecas/calcinhas, pijamas, meias, cintos, bonés, etc. Imagine se você tenta guardar esse tanto de coisa no seu guarda-roupa sem criar critérios de organização?
Vixi….vai ficar bagunçado! E quando você quiser algo, não vai conseguir achar.
Então, assim também é a nossa memória para guardar nomes. Organizamos tudo em gavetas. As gavetas/representações podem ser divididas em diversas categorias de acordo com a natureza: fonológica (pronúncia da palavra, número de fonemas), ortográfica (número de letras, grafemas), morfológica (raiz, afixos), sintática (categoria gramatical, gênero etc.) e semântica (o sentido da palavra).
Claro que um nome pode estar em mais de uma gaveta. Por exemplo, o nome “mesa” pode estar na gaveta semântica de móveis, ou, na categoria sintática adjetivo e substantivo de dois gêneros.
Massssssss pensamos nos problemas que podem ocorrer no processo de nomeação! Os erros de nomeação que vamos falar hoje são as parafasias semântica, parafasia fonológica e parafasia formal verbal.
Vamos lá:
- Parafasia semântica: ocorre quando uma palavra é substituída por outra com semelhante natureza semântica. Por exemplo, você mostra a figura de um cachorro para um paciente e pergunta o nome, e ele responde gato (mesma categoria semântica).
- Parafasia fonológica: há uma seleção ou combinação inadequada dos fonemas, resultando, por vezes, numa pseudopalavra (palavra sem significado). Por exemplo, você apresenta a figura de um abacaxi e solicita nomeação. O paciente responde que é ACABAXI.
- Parafasia verbal formal: ocorre quando a troca, substituição, inversão ou omissão do fonema formam uma outra palavra existente na língua. Por exemplo, em vez da pessoa falar MARTELO, ela fala MARMELO. Lembrando que aqui não temos associação semântica alguma, ou seja, as duas palavras não são da mesma categoria.
As parafasias são sintomas muitos comuns de aparecerem nas nossas avaliações neuropsicológicas.
E por isso, espero que tenha de ajudado a entender um pouco a mais sobre elas.
Um abraço,
Sarah Cassimiro Marques
Referências Bibliográficas:
Rodrigues, J. C.; Fonseca, R. P. & Salles, J. F. (2019). Neuropsicologia da linguagem: bases para avaliação e reabilitação. São Paulo: Vetor.
Para saber mais: