Você já recebeu em seu consultório pais do seu paciente dizendo assim:
– Meu filho é tão inteligente, tem um potencial tão grande, mas eu vejo que ele não consegue desenvolver esse potencial.
Em alguns casos pode fazer sentido, sabia?
Você sabe que os instrumentos nos fornecem pontuações gerais e em alguns testes como WISC-IV, além de uma nota geral, fornece índices que nos permitem fazer várias análises.
São eles, os ICV (Índice de Compreensão Verbal) que nos fornece dados sobre a inteligência cristalizada, IOP (Índice de Organização Perceptual) avaliam inteligência fluida e processamento visual, IVP (Índice de Velocidade de Processamento) e IMO (Índice de Memória Operacional), como os próprios nomes dizem, avaliam velocidade de processamento e memória operacional.
Porém, nem sempre esses índices conseguem captar a real dificuldade de uma criança ou adolescente. Isso porque em alguns casos você vê que a pessoa tem um potencial, uma capacidade geral boa, porém ela não está se desenvolvendo de acordo com sua capacidade.
Traduzindo para o neuropsicologuês. Rs
Quando você perceber que o IOP junto com o ICV está muito discrepante em relação ao IVP e IMO juntos, e aqui a discrepância só vale entre os dois grupos e não entre ICV e IOP ou IMO e IVP, é possível fazer uma outra análise. A análise do GAI e CPI.
O GAI (Índice de capacidade geral) representa o potencial daquela pessoa. É o quanto o sujeito é capaz. O GAI é a junção do IOP e do ICV.
Já o CPI (Índice de Competência Cognitiva) representa o quanto efetivamente o sujeito está desempenhando no ambiente. Lembre-se de processamento proficiente, é o quão bem você está processando cognitivamente. O CPI é a junção do IMO e IVP. Muito importante lembrar que o CPI ajuda o GAI a funcionar.
Além disso, não é sempre que utilizamos esses dois índices. Por favor, não vá utilizando essas medidas em qualquer situação!!
Então, quando utilizar?
- Utilizamos as medidas de GAI e CPI quando há discrepância entre os dois blocos de índices, ou seja, quando o IOP e ICV estão discrepantes em relação a IMO e IVP;
Pessoas que sofreram alguma lesão cranioencefálica costumam ter prejuízos tanto na velocidade de processamento quanto em memória operacional, nesses casos faz sentido verificar essas medidas.
- Utilizamos também, quando não é possível obter as notas de memória operacional ou de velocidade de processamento por alguma dificuldade motora ou sensorial do paciente.
Uma criança com alguma deficiência física pode não conseguir fazer os subtestes de códigos e procurar símbolos, por exemplo.
Um abraço!
Sarah Cassimiro Marques