Joãozinho é uma criança de 5 anos que adora carrinhos de brinquedo, tem uma coleção deles, costuma enfileirá-los sempre que está brincando, por vezes pega um desses carrinhos e fica girando a rodinha por muito tempo. Também fica fazendo o movimento de vai e vem com eles no chão do seu quarto por bastante tempo e sempre brinca sozinho.
Agora te pergunto, tem algo que te chama atenção nesse brincar? Antes que me responda, vamos falar um pouco sobre a brincadeira.
A brincadeira não é apenas uma diversão para crianças, ela é parte importante do desenvolvimento infantil, através do brincar é possível desenvolver aspectos cognitivos como atenção, memória, imitação e imaginação, além disso, habilidades socioemocionais, comunicação, linguagem e o contato com estabelecimento de regras. É através dela que a criança se expressa e tenta suprir algumas necessidades.
Assim, existe o brincar que chamamos de funcional, quando a criança brinca com a função do brinquedo, por exemplo, o carrinho é feito para andar então a criança movimenta o carrinho fazendo com que ela ande, é o que Joãozinho do começo do texto faz.
E existe a brincadeira simbólica ou brincadeira de faz-de-conta em que a criança trata o brinquedo como se fosse outro objeto ou quando a criança pode se passar por uma personagem ou outra pessoa.
Deixa-me exemplificar.
Certa vez minha sobrinha, com 3 anos de idade na época, me incluiu na brincadeira, dizendo: Vamos titia, entra na minha casa porque está chovendo e nós vamos molhar! A casa era uma barraquinha e não estava chovendo. É simbólico porque ela imaginou uma chuva e transformou uma barraquinha em uma casa.
Aparentemente o Joãozinho pode estar dentro do espectro autista, e se realmente estiver, ele pode até brincar de forma simbólica, porém é uma brincadeira limitada a presença do objeto. Se não houver o carrinho em sua frente, dificilmente ele conseguiria fazer movimentos ou vocalizar os sons que o carro faz. Isso é uma dificuldade que uma criança com desenvolvimento dentro do esperado não teria, como é o exemplo da minha sobrinha.
Interessante, não é!?
Isso foi um pouquinho do que discutimos em nosso grupo de estudo sobre desenvolvimento infantil dentro do Serneuropsi. Se quiser saber mais o que discutimos: https://serneuropsi.com.br/
